quinta-feira, 15 de abril de 2010

A hora da Terra

A hora da Terra


Acho mesmo que o mundo vai acabar. Em 2012, como já disseram os maias e tantos outros. Definitivamente a natureza se rebelou contra a podridão humana. Revolveu o lixo abaixo do lixo emocional. Quem era bom, livrou-se de ver coisa pior, quem era lixo misturou-se a ele.
Não sejamos hipócritas! O homem, do jeito como se desenvolveu deformado, não tem muito que fazer para voltar a ser puro e ignorante, como fomos criados. A saída, provavelmente, será tirar tudo o que nos levou a essa situação de pragmatismo doente, de indiferença completa, de intolerância absoluta a tudo. Bem que houve quem nos alertasse: veio Cristo, Buda, Ghandi, Martin Luter King, Chico Xavier, João Paulo II, Dalai Lama, enfim, não foi por falta de aviso que o homem entrou pelos descaminhos humanos.
Quando Martin Luther King disse: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.” , não tinham idéia de quantos gritos ainda ouviríamos e de quanto silêncio precisávamos.
Depois, Ghandi deu de bandeja a chave da felicidade, mas ninguém entendeu direito. Era difícil tornar a teoria em prática, então deixaram pra lá: "Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia" – Ghandi.
O fato é que está longe da harmonia "Uma civilização (que) é julgada pelo tratamento que dispensa às minorias."(Ghandi). Agora imaginem quando o que ele chamava de minoria tornou-se maioria dominada! Não há muito mais que possamos fazer? A impotência foi sacramentada pelas próprias Constituições, cujos deveres do Estado e da sociedade são ignorados porque todos que têm voz continuam brigando pelos direitos que não atingem a quase ninguém! Não estou dizendo que não se devam cobrar direitos ou que ninguém cumpre deveres constitucionais, mas o fato é que pela grandiosidade do mundo e de seus labirintos, o que acontece é quase nada. Ainda assim, esse grão precisa continuar na terra, regado a sentimentos e cuidados.
Pode ser que o Criador tenha perdido a paciência de vez e resolvera fazer a limpeza Ele mesmo. Quem não sabe manda, quem sabe faz. Perdemos o bonde.
Como uma última tábua de salvação, vale a pena, ainda que estejamos no fim, lembrarmo-nos de avisos bons: “Ame profunda e passionalmente. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver o amor completamente.” - Dalai Lama.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Apaixonada pelo vento

Apaixonada pelo vento

Vejo as inúmeras paixões maquinadas pela sétima arte, pelas telas domésticas, mas poucas com a intensidade das que temos na adolescência. Parece que cada pequeno movimento com quem amamos leva-nos à quase inconsciência de prazer. Mas o prazer precisa ser lento, precisa ir tocando aos poucos cada degrau da intimidade... senão não tem graça, queima etapas da construção da paixão.

Nos filmes, ainda derramam um pouco mais desse mel lento, denso que custa a chegar à boca. Embora inúmeras críticas não reconheçam esse processo no filme Crepúsculo, deixei-me embalar pelo trecho romântico que a narrativa mostra. A impossibilidade, o desejo que aumenta a cada segundo, a inconsciência, a irracionalidade, todos são elementos que nos fazem de novo voltar às maiores emoções vividas. E não as tendo, se já passamos da oportunidade, apaixonamo-nos até pelo vento.

É um reviver sem elementos vivos, é um frio na barriga sem o encontro escondido ou arriscado. Mesmo no Crepúsculo de nossas vidas, todo ser humano devia ter a obrigação de sentir para sempre essa emoção. A insensibilidade pelo comodismo ou pelas circunstâncias difíceis que a vida nos apresenta não pode se instalar na alma em tempo algum. Simplesmente porque a melhor coisa da vida é sentir. E com total intensidade.

Ainda que as grandes emoções com o companheiro de tantos anos não sejam tão arrebatadoras, essa explosão precisa continuar, mesmo que seja só diante da natureza. Uma rajada de vento, muitas vezes, levanta-nos a cabeça, sacode e arrepia o corpo como foi um dia.

No entanto, a própria sociedade julga que impulso demais provoca o tombo... das relações estáveis, das relações familiares e até das com amigos que tenham uma idade em que alguns arroubos já não podem ser manifestos. Aí, o ser humano entristece, acha-se ainda mais velho, mais tosco, mais ridículo que a própria regra social. E está tudo acabado: os sorrisos, os olhares, as taquicardias, o arrepio, o impacto da paixão.

Se eu fosse Deus, metia um antibloqueador de paixão nas pessoas. Assim todas elas continuariam eternamente a sentir o magma dos vulcões se derramar por todas as veias... e todo mundo ia descobrir que dinheiro nenhum compra esse êxtase. Nenhum bem material se aproxima de tamanha felicidade. E os ladrões iam desistir de roubar, e os chefes iam sorrir o tempo todo, e as professorinhas iam se sentar no chão e aprender com seus alunos, e o homem nunca mais bateria numa mulher. E a mulher nunca mais reclamaria de seu homem. Porque assim é que é quem se apaixona. Nem que seja pelo vento.