quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Que dia é hoje?



Que dia é hoje?

A casa em silêncio
Me acompanha a fumaça  do meu algoz
A xícara do café quente
O olhar que se vai sem rumo
Nunca vivi isso
Nunca vi silêncio tão fúnebre
Menos ainda dor tão fina, funda, seca
Acho que a morte deve ser assim
Gélida, fina, funda, seca, roxa
Insensível a tal ponto
Que dor  nem é mais dor
Dor é um vazio cheio de nada
Que devia estar doendo, gritando,
Brigando, cansando o dia da gente
Mas, se assim é e não é assado
Preciso fazer um novo começo sei lá do quê
Nascer de novo de útero eletrônico
Abdicar das entranhas e neurônios
Ficar com as memórias boas... que às vezes esqueço
E esquecer que fui oca, mas antes fui cheia,
E antes ainda fui nada.