segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O submundo da fama

O submundo da fama


Embora chamem de roda-viva a rotina dos famosos, talvez o ideal fosse chamar de “carne viva” o que passam na realidade. A verdade é que grande parte deles, especialmente os músicos, não sabe mais o que existe no mundo que não seja o seu. E o seu não é o que aparece na tv. O seu é um submundo inominável construído num palco amoral de drogas, desamor, esquecimento e solidão.
Geralmente, são profundamente carentes de amigos, mas, quando conseguem algum que de fato não o são por interesse, dois dias depois não sabem sequer quem são, de onde conhecem, porque as drogas já fritaram seu cérebro o suficiente para esquecer tudo. Continuam sozinhos, e bebem mais um pouco para fugir disso, mas não percebem que já podiam estar com um monte de pessoas que realmente admiram o que fazem. Lutam, lutam para terem o reconhecimento e, por fim, quando são reconhecidos, não aproveitam o que há de mais valioso: o verdadeiro carinho de quem os aprecia. É mais importante dormir com uma garota diferente a cada hora, experimentar uma droga diferente a cada show, tomar uma bebida exótica a cada festa, ser falsamente elogiado a cada entrevista, estar mal-amado a cada dia e ficar sozinho a cada intervalo de temporada, a cada viagem de descanso, a cada manhã depois da farra.
O computador passa a ser um companheiro de madrugadas vazias, mas sabe lá se o que se lê na conversa tem verdade, ou se é também um monte de baboseiras pra agradar a quem se quer algum favor.
O fato é que esse submundo não tem servido de felicidade pra ninguém. É tão ilusório para o famoso quanto para os que os admiram. É tão ruim para os que vivem nele quanto para os que acham que é maravilhoso viver nele. Não é parâmetro bom pra ninguém. Não é figura pública boa pra ninguém. É deprimente saber que um sujeito que ganhou visibilidade por talento ou não desperdice essa condição dando aos seus fãs o exemplo de que o submundo em que vivem é que é maravilhoso. Mesmo que queiram viver nesse submundo, não têm o direito de servir de exemplo pra ninguém. Não têm o direito de engrossar as fileiras do crime, da violência, do tráfico, da irresponsabilidade num mundo em que todos estão exatamente na contramão dessa estrada.
Sinto muito se os drogados, bêbados e violentos não percebem o que estão fazendo com os jovens do nosso mundo, mas eu não posso me omitir simplesmente porque um bando de gente vai dizer que sou moralista, preconceituosa e retrógrada. Prefiro assim. Sou roqueira, professora, mãe de uma banda de rock não viciada em nada e me orgulho que o meu não seja um submundo com ou sem fama. Porque, até onde alcançamos, não estamos na contramão do bom senso
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